Hoje em dia gestores de diversas organizações têm um grande desafio: transformar seus modelos de gestão. É fato que o modo como gerimos as organizações, ainda baseados na Organização Racional do Trabalho (Teoria Clássica da Administração), na divisão do trabalho, na especialização do trabalhador, na supervisão direta e na busca constante por resultado, está desatualizada. Cada vez mais as pessoas estão desmotivas, descomprometidas e não encontram propósito no trabalho. Com a entrada da geração Z no mercado de trabalho esses problemas só tendem a se agravar. Quando falamos em organizações públicas, talvez seja um problema maior ainda em função das limitações legais. Aparentemente a Organização desejada deve ser: Ágil, com equipes auto-geridas, Colaborativas, com um Propósito maior etc.
Para debater sobre o desafio de transformar os modelos de gestão atuais, organizei um painel na FGV Brasília com dois colegas: o Prof. Dr Antonio Isidro da UnB, especialista em Inovação em Serviços e o Consultor e Mestre em Biologia-Cultural José Carlos Torquato, que também participou da tradução do livro "Reinventando as Organizações" de Frederic Laloux.
Como adotar conceitos ágeis? Como implantar equipe autônomas? Como avaliar o desempenho neste contexto? Foram algumas das perguntas debatidas.
Antes de passar a palavra para os colegas, fiz um breve recorte metodológico para situar o público no espaço da nossa discussão.
Expliquei que as teorias tradicionais de gestão estão no quadrante superior direito, chamado de Perspectiva Estrutural, pois são focadas na estrutura organizacional e no ambiente interno.
A evolução dessas teorias considerou o trabalhador como um ser humano. Nesse sentido, tem o foco nas relações humanas, mas ainda são focadas somente no contexto interno organizacional.
Desde aproximadamente (e notadamente) os anos 1990, as teorias de gestão começaram a considerar o ambiente externo - o mercado e a necessidade das organizações se adaptarem a ele, mas ainda com enfoque estruturalista.
Recentemente, as novas teorias e os novos modelos de gestão, consideram o ambiente externo, mas principalmente são focados nas relações humanas. E foi este quadrante, dos modelos emergentes de gestão, que foi o foco do painel.
A figura abaixo apresenta uma síntese da mudança de mindset dos modelos tradicionais para os novos modelos de gestão.
Na sequência, foi passada a palavra (20 min) para cada um.
Os slides do Consultor José Torquato podem ser acessados aqui.
Os slides apresentados pelo Prof. Dr. Antônio Isidro podem ser acessados aqui.
Abaixo tem uma síntese dos tópicos abordados pelo Consultor José Torquato sobre novos modelos organizacionais - Reinventando as Organizações do Frederic Laloux.
- A humanidade evolui por estágios
- As teorias (consciência humana) evoluiu, conforme Laloux, em 5 estágios.
1. Vermelhos: comando e controle, exemplo Gangs de rua
2. Âmbar: liderança paternalista-autoritária, exemplo: forças armadas
3. Laranja: gestão de desempenho/por objetivos. Exemplo: empresas multinacionais
4. Verde: gestão participativa, orientado por consenso, empoderamento. Equilíbrio entre os interesses das diversas partes. Exemplo: Família
5. Teal: guiada pelo propósito, autogestão. Exemplo: organismo vivo.
- organizações são redes dinâmicas de conversação e podemos dividi-la em 2 dimensões: instrumental e cultural.
- A Transformação Organizacional deve ocorrer nessas 2 dimensões
- a mudança instrumental é a abordagem tradicional. Atuar em paralelo Tb na mudança cultural é o que perpetua e garante a mudança
- o modelo do Ken Wilber permite avaliar o modelo de gestão atual e desenhar o modelo desejado
- usar o modelo do Ken Wilber para rodar um diagnóstico
Abaixo uma síntese dos tópicos abordados pelo Prof Dr Isidro na palestra sobre novos modelos organizacionais - Organizações orientadas à Inovação.
- falou das 10 habilidades do futuro (2030), em que todas elas focam mais nas características de ser humano
- os países mais desenvolvidos são economias focadas em serviços
- a orientação da economia a serviços tem como pré-requisito o redesenho de funções, cargos e consequentemente organizações
- características da economia focada em serviços: intangibilidade, perecibilidade, variabilidade e inseparabilidade
- principais táticas para garantir a entrega de valor em uma economia em serviços: open innovation, engajamento de cidadãos, experiência do usuário, ferramentas de design thinking, colaboração & experimentação, co-criação de valor, laboratório de inovação e innovation by users
- uma organização orientada a inovação assume a inovação como o seu diferencial
- a inovação ocorre em 3 etapas (funil): consciência, criação e concretização
- para haver inovação, as organizações devem considerar: os indutores (motivadores) da inovação, a co-criação, as capacidades organizacionais e os determinantes (barreiras e facilitadores)
- eixos de uma estratégia de inovação: desenvolvimento de pessoas & competências, reconhecimento e valorização de esforços, gestão integrada de projetos de inovação, incubação e sustentabilidade de ideias inovadoras, produção reconhecimento sobre inovação
- apresentou o modelo de gestão desenvolvido pelo Prof Isidro que é composto por: prêmios de inovação, observatórios de inovação, escritórios de Inovação, laboratórios de inovação e as escolas de inovação
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